_NÂO!! - gritei assim que acordei assustado.
Estava sentado na cama, suava e minha respiraçao era ofegante, tudo não tinha passado de um sonho, ou melhor, de um pesadelo. Levantei da cama, acendi a luz do quarto e torci para que minha mãe não tivesse escutado meu grito, sentei na cama e bebi um pouco da água que estava sobre a cômoda, bem ao lado do colar. Os goles saíram profundos e fortes enquanto minha respiração oscilava entre o ar e a água. Olhei o meu relógio, eram duas horas da manhã, tentei pensar em quanto tempo tinha dormido e quanto desse tempo eu tinha sonhado, mas eu não fazia idéia. Ajeitei meu corpo na cama de modo que pudesse escorar na cabeceira, minha respiração tinha voltado ao normal mas eu ainda estava assustado, as lembranças do cadáver do meu pai fincavam bem profundo no meu peito e a vontade de chorar aflorava dentro de mim, mas eu não chorei, talvez de choque ou talvez de raiva por não ter ajudado a salvá-lo no sonho. Escorreguei meu corpo na cama até que tivesse ficado deitado e minha cabeça pudesse se acomodar no travesseiro. Estava frio, puxei a coberta e tentei voltar a dormir, meu corpo sinceramente queria, mas minha mente repudiava, ela tinha receio, pois dormir significava ter outro pesadelo com meu pai. Forcei meus olhos para dormir, o sono não vinha, pensei que talvez fosse a luz acesa, levantei rapidamente e apaguei a luz, o quarto voltou a ficar iluminado só pela luz do banheiro. Deitei de lado sobre a cama, fiquei encarando a cômoda iluminada pela luz do banheiro, o colar a refletia de um modo convencional. Estiquei o braço e peguei o objeto, a corda preta dava duas voltas na porção de cima da pedra, o meio da pedra tinha seis faces retangulares e a sua porção final era lapidada de forma afunilada, como no formato de uma pirâmide. Passei o dedo nas laterais da pedra, algo me chamou a atenção, tinha uma inscrição cravada em uma das laterais, as letras estavam quase desenhadas, pude ler com a pouca luz as três letras: F.E.F. Não entendia o significado de F.E.F, nunca tinha visto nada parecido, talvez fossem as iniciais de algum nome.
Olhando de perto o colar me pareceu até bonito, levantei um pouco a cabeça e passei a corda em volta do meu pescoço, a pedra ficou pendurada bem no meio do meu peito. Se eu não o usasse, provavelmente ao limpar meu quarto, minha mãe o jogaria fora e como tinha me agradado resolvi que ia usá-lo de agora em diante. Acomodei-me novamente na cama, levei minha mão até meu peito e levantei a pedra azul, rodei ela entre os meus dedos e esperei que o sono viesse. Não sei quanto tempo fiquei brincando com o colar mas aos poucos meu braço e meus olhos foram pesando até que não resistiram, eu dormi.
Estava em pé, não sabia aonde, tomado pela escuridão. De repente houve um estalo, metade do lugar se iluminou, meus olhos se assustaram com a presença brusca de luz e assim que se acostumaram pude fiscalizar o lugar. Era um cômodo de piso e paredes extremamente brancas, tinha uma porta e uma janela de ferro desenhadas, ambas estavam fechadas. Até onde a luz mostrava era só isso que enxergava, não havia móveis e o fundo do local ainda permanecia escuro.
_Aproxime-se Fernando- a voz era doce e extremamente feminina, vinha da porção escura do cômodo.
Houve um novo estalo, a parte escura do lugar se iluminou, podia ver o resto agora, tinha mais uma janela de ferro fechada. A uns dois metro da janela, tinha uma mesa e três cadeiras de madeira trabalhada, sentada em uma dessas cadeiras tinha uma mulher. Andei em sua direção, a voz só podia ser dela. Meu coração disparou a medida que me aproximei, ela era diferentemente linda, seu cabelo de um preto intenso tinha um corte incomum, do lado direito da cabeça estava curto, quase rapado, e do lado esquerdo o cabelo preto liso escorria até a altura do seu peito, era um hemicabelo extremamente sedutor e também incomum. Seu rosto era lindo, uma boca vermelha delineada, os olhos pretos profundos e sedutores e suas maçãs do rosto davam um contraste vermelho em sua pele branca. Ela vestia uma blusa verde sem botões e com uma gola aberta, mostrando parte de seus seios brancos, a calça jeans era normal e apertada definindo bem o resto de seu lindo corpo.

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